quinta-feira, 30 de outubro de 2008

CADÊ A GRANA PRÁ CULTURA?

Esta é uma pergunta de difícil resposta já que depende prá quem ela é dirigida. Se ela for feita para um político qualquer, ele vai lhe dizer que elas estão todas nas mãos dele, as controla, que ele sabe o caminho das pedras e pronto. E aí, salvo raríssimas exceções, você fica lá ensaiando e esperando....esperando... Se você perguntar a um burocrata ligado aos órgãos públicos, ele muito possivelmente lhe responderá que as verbas já estão comprometidas, que o PPA - Plano Plurianual, instrumento legal que estabelece diretrizes, objetivos e metas da administração pública por um prazo de quatro anos, já foi aprovado e que todas as verbas estão comprometidas. Então você fica pensando, será que dentre essas diretrizes, objetivos e metas não cabe o meu projeto? Claro que cabe, talvez o que falte a você não é uma boa idéia, mas sim um bom projeto e no papel. Essa é a maior deficiência do artista brasileiro: colocar no papel o projeto com todos os requisitos técnicos necessários, como objetivos, metodologia, metas, prazos, cronogramas, público alvo, plano de custeio, contrapartidas, verificação dos resultados, e por aí vai. Claro que nesse país, depois que você teve uma grande idéia e o transformou em um brilhante projeto atendendo a todos os requisitos dos órgãos concedentes de crédito, você deve se preparar prá uma longa batalha de complementação de documentos e um grande número de exigências não previstas, até a assinatura do contrato e a concessão do crédito. Pronto, agora com seu projeto aprovado você vai finalmente começar a gastar os recursos para viabilizar a sua montagem teatral, seu filme ou show. Começa então uma nova batalha: as imposições da Lei 8666 que regulamenta todo processo de compra e contratações empregando-se dinheiro público. É uma papelada sem fim, mas você, determinado a vencer a burocracia vai em frente e aprendendo com o tempo, vai conseguindo liberar uma a uma, as verbas de acordo com o cronograma físico-financeiro que estabeleceu para seu projeto. Dia da estréia, sucesso total, sentimento de realização...ufa!... e aí vem a última etapa: a prestação de contas com o Tribunal de Contas da União. Se você seguiu corretamente a Lei Nº 8666, não tem com que se preocupar, se não, prepare-se para os piores dias de sua vida. Dessa forma, qualquer artista que pretenda viabilizar o seu projeto através de recursos financeiros concedidos por entidades públicas, fundações ou institutos, deve se preparar para compatibilizar eficiência, perseverança, e legalidade. A Trupe Cobra D’água, após 10 meses da liberação da primeira parcela do contrato que viabilizou os recursos para o projeto PREA – Práticas Regionais de Educação Ambiental do Baixo Tietê – Etapa I, encerra em tempo recorde o convênio com o FEHIDRO, tendo executado todas as apresentações nas 19 cidades previstas, atendendo a um público alvo de aproximadamente 10.000 pessoas e com todas as suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas e SECOFEHIDRO, fato que a credencia para assinar, ainda este ano, o contrato da Etapa 2, já aprovada, quando então se apresentará em mais 12 cidades. Respeitável público....., senhoras, senhores, meninas e meninos....a Trupe Cobra D’água estará, em breve, na estrada outra vez.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma boa pergunta!!
Com certeza a grana para a cultura está no bolso de muitos políticos corruptos!

Parabéns pelo BLOG!

E... não devemos desanimar,
acredito que dias melhores virão...
apesar da crise que está nos rondando!!

abraços,
Mari frança